Por que devemos submeter nossos gatinhos a exames preventivos??


Texto escrito pela médica veterinária Andressa Amaral, especializada em nutrição clínica de cães e gatos e mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Clínica Médica pela FMVZ/USP.

A medicina preventiva é uma área em amplo desenvolvimento na medicina veterinária e a principal responsável por ter aumentado a expectativa de vida dos pets. De acordo com LUND et al., (1999), entre um terço e metade dos cães e gatos de estimação possuíam 7 anos de idade ou mais há mais de 18 anos e, de acordo com pesquisa realizada por LAFLAMME et al., (2008), quase 13% dos gatos já possuíam 12 anos ou mais nos Estados Unidos da América.

Por definição, a medicina preventiva é a especialidade médica focada no desenvolvimento de métodos para evitar o desenvolvimento de doenças e controlar o seu impacto por meio do diagnóstico precoce. Assim, os exames preventivos realizados nos check-ups periódicos são os protagonistas da história!

Graças aos avanços da ciência e da medicina diagnóstica, hoje sabemos que muitas doenças podem não se manifestar clinicamente até que estejam em estágio avançado, ou seja, não percebemos que ela existe até que ela, por exemplo, não possa mais ser tratada. Muitos dos exames preventivos, portanto, podem dar dicas que algo não está bem antes que a doença piore.

No âmbito da medicina veterinária os exames preventivos são especialmente indispensáveis, uma vez que os nossos animais não falam e não podem dizer o que sentem! Os gatos, especialmente, como foram domesticados há menos tempo que os cães, podem ainda não manifestar suas dores/sensações de uma forma compreensível para nós seres humanos, o que dificulta a nossa percepção de que algo possa estar acontecendo.

É muito comum donos de gatos os levarem na clínica veterinária para atendimento e dizerem que o seu gato nunca ficou doente, nunca precisou ir ao veterinário, mas percebeu que ele perdeu peso e/ou começou a dormir mais, e quando vamos coletar sangue para começar a investigação, percebemos que o gato tem, por exemplo, uma doença renal crônica em estágio avançado (que é muito comum em gatos).

Tomando como exemplo o caso da doença renal, ela pode ser diagnosticada a partir de exames baratos (função renal e urinálise) e as modificações de manejo, dieta e eventualmente o início de algumas medicações podem retardar consideravelmente a progressão da doença e aumentar a expectativa de vida deste gato.

Em linhas gerais, não existem diretrizes que afirmem com qual frequência os check-ups devem ser realizados e nem quais são os exames que devem ser solicitados. Esta decisão cabe ao médico veterinário que irá ponderar sobre o histórico do paciente, estilo de vida e idade.

Os exames básicos mínimos para check-up geralmente são: hemograma, função renal e função hepática e devem ser realizados anualmente em animais adultos e até a cada 6 meses nos idosos. A este check-up podem ser adicionados outros exames específicos como, dosagem de T4 (hormônio da tireoide) que se encontra aumentado em gatos com hipertireoidismo, doença comum na idade avançada, ultrassom e exame de urina para realizar uma investigação mais minuciosa. Alguns veterinários recomendam, inclusive, que a partir dos 7 anos de idade (quando são considerados idosos) a dosagem de T4 deve ser realizada anualmente em todos os gatos que passarem em atendimento!

O exame de ultrassom é uma ótima ferramenta para encontrar neoformações (tumores) por exemplo, cujo tratamento tende a ser promissor quando são diagnosticados precocemente e também para identificar urólitos (cálculos) urinários ou renais que podem causar dores e obstrução das vias urinárias no futuro, cuja formação pode ser minimizada quando algumas pequenas alterações de manejo são incorporadas na rotina do animal e são muito comuns nos gatos.

A realização dos exames preventivos é, portanto, uma ótima estratégia que pode prolongar e melhorar a qualidade de vida. Além disso, sabemos que os custos financeiros da prevenção são SEMPRE menores que os custos dos tratamentos.

Portanto, a M. V. Andressa comenta:

Então: não seja pego de surpresa! Preste atenção no seu gatinho e leve-o para realizar check-ups em um médico veterinário de confiança, pelo menos, uma vez ao ano!

Todavia, é fundamental o check up anual ou semestral do seu bigodudo e lembre-se: não leve-o somente quando você observa uma alteração comportamental ou nutricional, muitos animais são assintomáticos e outros podem apresentar sinais que para você possa ser normal, mas, muitas vezes, não é! Previna o seu gato do desenvolvimento de possíveis afecções, faça um check up agora mesmo!!

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Referências

FELDMAN, E. C. et al. Canine and Feline Endocrinology. 4th. ed. St. Louis, Missouri: Elsevier, 2014.

LAFLAMME, D. P. et al. Pet feeding practices of dog and cat owners in the United States and Australia. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 232, n. 5, p. 687–694, 2008.

LUND, E. M. et al. Health status and population characteristics of dogs and cats examined at private veterinary practices in the United States. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 214, n. 9, p. 1336–1341, 1999.

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